Aluno de São Sebastião-DF conquista 3° lugar em concurso de redação promovido pelo Senado
Carlos Vinícius mostra livros de poesia escritas pelos próprios alunos do colégio onde estuda: orgulho |
A timidez torna o estudante econômico nas palavras. O que é reprimido na fala, liberta-se no texto. Carlos se mantém atualizado com notícias de jornais, de revistas e da internet. Todo conhecimento se reflete no papel. A dissertação com o título de “Direito irrevogável” apresenta uma visão crítica sobre o papel do cidadão comum na política. “Comparei a luta que o povo brasileiro deveria travar para acabar com a corrupção e a Revolução Francesa. O povo francês tomou consciência e eu acho que o brasileiro tem de lutar pelos seus direitos”, defende.
No início do segundo semestre, a Secretaria de Relações Públicas (SRP) do Senado enviou para mais de 18 mil estudantes e 500 escolas públicas de todo país kits de divulgação do concurso. Os interessados deveriam cursar o 2º ou o 3º anos do ensino médio e ter entre 16 e 19 anos. A SRP ainda não tem o número exato de quantos alunos participaram, pois aguarda o balanço das inscrições das secretarias estaduais de educação.
Seleções
Os textos passaram por três seleções, nas quais foram escolhidos o melhor de cada escola, os três finalistas de cada uma das Unidades Federativas e do país. Carlos chegou à última etapa e integra o trio com o primeiro e o segundo lugares — Matheus Oliveira Faria, de Passos de Minas (MG), e Janaína Santana Vilela, de Vianópolis (GO). Os 27 estudantes de cada estado serão premiados com notebook, medalha, certificado e publicação da sua redação no livreto produzido pelo Senado Federal.
A partir do tema “O Brasil que a gente quer é a gente quem faz”, eles dissertaram sobre processo democrático e exercício da cidadania. O objetivo, segundo a secretaria, é estimular a participação política e esclarecer aos futuros eleitores o papel institucional do Senado e do Poder Legislativo.
Carlos ficou sabendo do tema e logo definiu uma abordagem: a turbulência política, resultado dos recentes escândalos de corrupção. Para ele, o direito de definir os rumos do Estado é irrevogável. “A sociedade não pode esperar para que haja uma revolução. A mudança deve partir da gente. Como nosso país é democrático, é nossa responsabilidade votar de maneira consciente. Temos de cobrar dos políticos o que eles prometeram.”
Oportunidade
Os 27 finalistas estaduais vão ter a oportunidade de participar dos bastidores da política com uma cerimônia de premiação e o projeto Jovem Senador. Na semana que vem, eles vêm a Brasília atuar como senadores e vivenciar o processo de criação de leis dentro do plenário da Casa. Na quarta-feira, às 10h, haverá uma cerimônia de posse, conduzida pelo presidente José Sarney, semelhante à dos senadores. Durante três dias, eles simularão comissões parlamentares e votarão as propostas de lei que eles mesmos criaram. De acordo com Carlos, o Senado pediu para que todos respondessem a um questionário sobre a proposta. “Deu mais trabalho que a redação”, confessa. Nesse caso, o tema escolhido foi a legislação que regulamenta os crimes virtuais.
Não só o engajamento desperta o gosto pela leitura e pela escrita. O exemplo vem de casa. “Meu pai me inspira. Ele gosta muito de ler, é consciente e inteligente”, diz o estudante. Carlos Magno Araújo, pai do representante do DF, sempre fez questão de deixar claro para os filhos o papel dos estudos. “Se alguém quer vencer, é por meio do estudo. É isso que vai lhe colocar em uma posição melhor.” Araújo reconhece as deficiências do ensino público, mas diz que nem por isso o estudante deixa de aprender. “Cinquenta por cento da aprendizagem parte do aluno.”
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