São Sebastião e Estrutural terão substitutos do real
Projeto prevê a implantação da forma de pagamento em São Sebastião e na Estrutural
O Distrito Federal está prestes a ter suas moedas sociais. Já existe um projeto em andamento para implantar o meio alternativo de pagamento nas cidades Estrutural e São Sebastião. Elas terão um banco comunitário no ano que vem. Afonso Magalhães, subsecretário de Economia Solidária do DF, adianta que o orçamento de 2012, que ainda será votado pela Câmara Legislativa, prevê R$ 750 mil para o projeto-piloto nessas localidades. Há outros R$ 500 mil para apoio a empreendimentos econômicos solidários e R$ 500 mil para a implantação do Centro Público de Economia Solidária.
O dinheiro poderá ser utilizado para custear treinamentos, montar a estrutura dos bancos e comprar equipamentos, entre outras prioridades. "Mas esse é um trabalho que exige tempo de maturação. Nesse caso, essas duas cidades já têm o nosso apoio", afirma Magalhães. A iniciativa conta com o apoio da Cooperativa de Trabalho e Produção das Pessoas Unidas de São Sebastião (Cooperunião). Na avaliação de Zilmar Pereira de Sousa, presidente da entidade, a implementação da moeda social vai ajudar no desenvolvimento dos grupos de economia solidária. "Temos negócios que serão beneficiados. Muitos são voltados ao artesanato, à culinária e à capacitação de pessoal para a geração de renda", observa.
A cidade de Chapada Gaúcha comprova que o modelo só traz benefícios para a população. Proprietária de um supermercado no local, Rosana Cristina Magalhães Gobira, 33 anos, vê com empolgação a expansão das substitutas do real em sua cidade e no país. Do total de suas vendas diárias, 30% são em veredas, nome dado à moeda local. "Evitamos que a população leve nossas economias para outras cidades, pois a moeda só é aceita aqui. Recebo, dou troco, pago contas e empregados com as veredas", conta. No início, o pedreiro José Antônio Barbosa, 31 anos, estranhou receber salário em outra moeda. Mas logo se adaptou. "Achei as notas muito simples. Parte do meu salário é em veredas e faço compras como as de supermercado e de medicamentos com elas", relata.
A abertura dos bancos comunitários também tem o respaldo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que incluiu as moedas sociais nas políticas públicas do país em 2005, quando foi criada a Secretaria Nacional de Economia Solidária. "Até agora, o governo federal investiu R$ 15 milhões no apoio a essas iniciativas", afirma Antônio Haroldo Pinheiro Mendonça, coordenador-geral do Comércio Justo e Solidário do Departamento de Fomento à Economia Solidário (Defes) da secretaria.
A seu ver, no Distrito Federal, a abertura dos bancos comunitários vai impulsionar o desenvolvimento nas regiões mais distantes do Plano Piloto. Ele destaca que uma das vantagens da iniciativa é o fato de os bancos funcionarem como correspondentes bancários. Atualmente, em todo o país, eles têm parcerias com instituições como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. "Estamos falando de localidades empobrecidas e de pessoas que não tinham acesso a serviços financeiros", diz.
FinanciamentoAlém de pagar contas, a comunidade pode realizar empréstimos pessoais ou empresariais nos bancos comunitários, com recursos das próprias instituições. Os juros variam de 1% a 3% ao mês. No mercado, essas taxas vão de 2,5% a 5%. No caso do cheque especial, elas alcançam a marca dos 12%. Os empréstimos são feitos com base em pesquisas com referências pessoais. Nem mesmo a inclusão do nome em cadastros negativos, como o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), restringe os empréstimos. Na Chapada Gaúcha, por exemplo, é preciso ser morador do município, preencher um questionário e apresentar referências pessoais. Os valores são repassados apenas na moeda local.
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