Casa de Parto São Sebastião só receberá grávidas da cidade e do Paranoá
Foto: Kleber Lima/Jornal de Brasília |
Em meio às discussões sobre a necessidade de humanização do parto, as
gestantes do DF foram surpreendidas com uma notícia: a Secretaria de Saúde
restringiu os atendimentos na Casa de Parto de São Sebastião. Agora, apenas
grávidas da região e do Paranoá terão o direito de conceber seus filhos na
unidade. De acordo com a pasta, a decisão foi tomada após problemas enfrentados
pela rede, entre eles a superlotação. Por isso, destacou, “a direção do Hospital
Regional do Paranoá decidiu pelo não recebimento de pacientes que fizeram
acompanhamento em outra regional”.
A iniciativa de São Sebastião é a única do Centro-Oeste. Ainda segundo a
pasta, não há qualquer intenção, no momento, de expandir unidades como a casa
de parto. Por mês, o local costumava fazer, aproximadamente, 35 partos.
Quem já teve filhos no ambiente assegura que a restrição vai prejudicar o
nascimento de muitas crianças. “Poderiam restringir o atendimento, mas pensando
em expandir mais locais assim. De fato, o lugar oferece uma experiência
diferente. Não é como um hospital. O bebê e a mãe ficam em contato o tempo
todo. Acho que uma atitude como essas priva outras mães e crianças de terem um
parto melhor”, opina a estudante Débora dos Santos, 21 anos.
O pequeno Davi Lucca nasceu no dia 31 de Janeiro do ano passado. Segundo
Débora, a experiência de tê-lo na Casa de Parto foi a melhor escolha. “Não me
arrependo de nada. Eu nem sabia antes da existência do lugar. Fui procurar por
indicação da minha cunhada, que faz faculdade de Enfermagem. Quando conhecemos
o espaço, uma enfermeira nos recebeu. Ela nos apresentou tudo. E eu saí de lá
muito feliz e tranquila, com a certeza de que queria ter meu filho lá”, lembra
a jovem, moradora do Gama.
Diferenças
Em um hospital normal, a estudante teria Davi Lucca, provavelmente, em uma
maca. Na Casa de Parto, conta, o menino nasceu na água, dentro de uma banheira,
com o pai abraçando mãe e filho. “Eu tinha planejado um parto na água. Para
minha sorte, quando cheguei ao local, tinha uma grávida na minha frente, mas
ela não tinha dilatação e foi transferida para um hospital normal. Nesse
momento, a enfermeira me chamou e começamos todo o trabalho. Ela me orientava
sobre as posições. Ao final das contrações, eu entrei na banheira, e meu marido
entrou comigo”, ressalta a mãe, lembrando que o pequeno nasceu com 3,6 quilos e
50 centímetros.
Experiência diferente
As lembranças de Débora em nada se parecem com as da dona de casa Isabel
Alcântara, 41 anos. No dia 6 deste mês, ela começou a sentir contrações. No
entanto, por ser diabética, foi impedida de ter a quarta filha na Casa de
Parto, onde fez todo o seu pré-natal. “Fui avisada de que, por ter diabetes,
seria muito arriscado fazer o parto aqui. Então, me encaminharam para o
Hospital do Paranoá. Lá foi tudo bem diferente do que eu imaginava. Tanto que
tive de retirar o útero em uma cirurgia feita às pressas devido às
complicações”, relata.
Devido aos problemas na hora do parto, Isabel ficou com o braço esquerdo
roxo. Ela ainda não sabe direito o que aconteceu. “Ficaram induzindo o parto
com remédios toda hora. Eu até pedi para fazer cesárea, porque não aguentava
mais. Mas, não deixaram”, lembra a dona de casa. “Quando ela nasceu, por volta
das 17h30, só lembro de terem comentado que eu estava machucada. Perdi dois
litros de sangue”.
“Tive um tratamento diferenciado na Casa de Parto o tempo todo. O médico
sempre foi muito atencioso. Infelizmente, não pude ter aqui. Agora, fico com o
trauma de ter feito em um hospital normal”, desabafa.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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