Saiba quem são os chefes do esquema de grilagem em São Sebastião
Morro da Cruz, São Sebastião |
Acusados de comandar
um esquema milionário de grilagem de terras em São Sebastião, os três
líderes das organizações criminosas eram responsáveis por ordenar os núcleos da
atividade ilícita contratando laranjas, usando empresas de fachada para lavar
dinheiro, cooptando servidores da administração da cidade e até criando um
cartório digital para driblar a fiscalização e reconhecer firma para a cessão
de direitos. O Correio apurou os nomes de dois dos três chefes do
esquema.
Após revelar que o ex-administrador
regional de São Sebastião Alan Valim foi um dos alvos de mandado de
busca e apreensão da operação Non Domino, na manhã desta terça-feira (19/7),
o Correio apurou que os dois líderes do esquema de grilagem são:
Antônio Aldair Araújo Montalvão, proprietário de uma imobiliária da região; e
José Borges do Nascimento, dono de uma empresa de venda de veículos. Todos são
investigados, desencadeada pela 30ª Delegacia de Polícia e que prendeu sete
pessoas. Além desses, também faziam parte do esquema outros familiares.
De forma ordenada, os líderes comandavam três grupos
distintos. As investigações apontaram que Antônio e José, os mais velhos de
idade, ficavam responsáveis por organizar a grilagem de terras. Fruto disso foi
o patrimônio milionário que herdaram. Em cinco anos, eles faturaram cerca de R$
20 milhões. Paralelamente a isso, os grileiros montaram um complexo esquema de
lavagem de dinheiro e utilizaram se “laranjas” e empresas de fachada, como
academia, loja de ginástica e de material de construção.
O Correio apurou que a nora de um dos
investigados, identificada como Michaely Araújo Pinheiro, auxiliava o sogro na
ocultação do dinheiro ilícito. A mulher administra a empresa Assessoria Primor
Eireli, fundada em abril de 2021 e com capital social de R$ 110 mil.
Um outro grupo comandado por um terceiro líder era
encarregado de agir com extrema violência. Eles invadiam e tomavam lotes,
entravam em guerra com outros grileiros e usavam da violência para impor
silêncio e medo aos moradores. Há investigações da polícia que apontam, ainda,
homicídios cometidos na região ligados ao parcelamento irregular do solo
urbano.
O Correio tenta contato com a defesa dos acusados.
O espaço segue aberto para futuras manifestações.
Cartório digital
Audaciosos, os criminosos foram além e decidiram criar uma
espécie de cartório digital em São Sebastião, onde eles mesmos pudessem
reconhecer firma e, assim, ganhar mais dinheiro. As investigações apontaram,
ainda, o suposto envolvimento de servidores da Administração Regional da
cidade. Há a suspeita de que alguns grileiros mantinham vínculos com os agentes
públicos, que são investigados por corrupção passiva. As apurações seguem no
sentido de saber se os servidores foram de fato beneficiados. Já os advogados
também alvos da operação são suspeitos de ser grileiros e de manter elo com
empresários.
"Tão grave quanto a atuação dos grileiros, são os indicativos
de que os líderes recebiam apoio de agentes públicos, os quais, ao invés de
cuidarem do interesse público, perverteram os valores de deveriam ser
protegidos'', destacou o delegado.
Os envolvidos são investigados por integrar organização criminosa, lavagem de dinheiro, parcelamento irregular do solo urbano e crimes ambientais. As investigações seguem com o objetivo de identificar outros suspeitos.
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