Morro Azul dá exemplo
Não canso de colocar reportagens, que quando forem para fazer o bem, será muito bem aceita neste blog. Uma delas é falando da horta comunitária da Quadra 12. Parabéns a todos os moradores desta comunidade que fazem com que cada dia, seja um dia melhor na qualidade de vida de todos.
Cansados de esperar providências do governo, moradores transformam matagal em praça e invasão em horta comunitária.
Quadra 12 do Morro Azul, em São Sebastião, agosto de 2004. Fácil
entender como, na época, uma moradora morreu de hantavirose. Mato alto
bem perto das casas. Cenas de abandono. Quadra 12 do Morro Azul, em São
Sebastião, janeiro de 2006. O matagal deu espaço à pracinha. O nome?
Marinalva Cruz. A vizinha que perdeu a vida contaminada pelo hantavírus.
O que aconteceu alertou os vizinhos de que não adiantava esperar só
pelo poder público para melhorar o lugar onde vivem. Cada um ajudou como
pôde. “Todo mundo cuida. Cada um que chega arranca o mato, conserta um
banco quebrado...”, conta Francisco Miranda, jardineiro.
Até as crianças cuidam do único local de lazer. “Eu ajudo na horta e
na pracinha. Já catei lixo!”, lembra Felipe Souza, 8 anos. “Eu solto
pipa aqui perto e aproveito para ajudar também. Tirei as folhas secas e
capinei o terreno na época da construção da pracinha”, diz Hudson da
Silva, 13 anos.
Estimulados com a conquista, os moradores perceberam que já tinham
como cobrar a parte da administração que cedeu a área pública. O que era
invasão virou horta comunitária. “A gente quer plantar alface,
cebolinha, cheiro-verde, cenoura, beterraba... Tudo que for possível
plantar a gente vai plantar!”, afirma Delfina dos Santos, dona de casa.
Ficar responsável pela produção deu novo ânimo a seu Gonçalo e seu
José Luís. “Eu me sinto feliz! É muito bom. Era uma área que só tinha
lixo e rato. Hoje, se transformou e está mais animada!”, conta Gonçalo
Souza, 67 anos. “Melhorou muito pra todo mundo!”, comemora José Luiz
Mesquita, 78 anos.
Cuidar da pracinha, da horta, ocupar o tempo e sentir que o que é
coletivo pertence a cada um trouxe outros benefícios para a comunidade: a
violência diminuiu. Há dois meses não há brigas de rua nem assaltos na
região.
“A gente não podia nem sair de casa. Agora é possível sair, passear
com as crianças e voltar sem ninguém perturbar, sem ninguém mexer em
nada. Está ótimo!”, afirma Maria Piedade, doméstica.
A união pode muito. Lição aprendida pelas mulheres da quadra que
estão organizando uma cooperativa de crochê e bordado. “Nós começamos
com investimento próprio. Cada uma deu o que tinha para comprar os
primeiros materiais. Estamos na luta! Cada uma dá uma idéia. Assim,
esperamos que essa árvore dê bons frutos!”, acrescenta Hosana do
Nascimento, bordadeira.
E a comunidade - que ainda não tem esgoto nem calçamento nas ruas -
sabe que tudo começa de um sonho.
O chefe de gabinete da Administração Regional de São Sebastião disse
que só podem ser feitos projetos de urbanismo na quadra 12, se não
contrariarem um estudo da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e
Habitação, que deve ser anunciado em março.
Fonte: DFTV1ª Edição
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