Aventura no calor do Cerrado
Em busca de aventura, atletas habituados às corridas de rua
mudaram de cenário ontem. Trocaram o asfalto pelo solo irregular das trilhas da
Fazenda Taboquinha, em São Sebastião. O lugar sediou o primeiro Circuito Ultra
Trail do Cerrado, uma prova de 16km inspirada na Ultra Trail du Mont-Blanc,
prova europeia de 160km que corta as montanhas de França, Suíça e Itália. Além
do desafio de subir e descer morros, os corredores tiveram de enfrentar calor
de 30ºC, umidade relativa do ar próxima dos 40% e pisos que se alternavam entre
areia e cascalho.
O melhor tempo da prova foi do mecânico Francisco José de
Deus Lima, 36 anos. Ele cumpriu o percurso em 1h04min18s. Entre as mulheres, a
vencedora foi a servidora pública Susana Festner dos Santos, 31, que concluiu o
trajeto em 1h15min15s. “Foi um percurso muito difícil, mas bom para quem gosta
de aventura”, obser vou Lima. Susana classificou o circuito como pesado. “Na
largada tentei ficar um pouco mais atrás para evitar a confusão, sobretudo
porque alguns trajetos eram pequenos para a quantidade de corredores. Depois, o
mais difícil foi alcançar e passar a atleta que estava em primeiro durante parte
da prova”, explicou.
Participaram do evento 309 atletas e, segundo a organização,
não foi possível inscrever todos que desejavam competir. “Havia uma lista de espera,
mas não foi possível a tender a todos. Não quis abrir para mais gente porque ficaria
difícil controlar tudo e garantir a segurança dos participantes”, ponderou
Frederico Gal, também conhecido por Lico. Alguns corredores reclamaram da
marcação do trajeto. No início da prova, o primeiro pelotão se perdeu. O
fisioterapeuta espanhol José Portilio, 45, liderava até o Km 6, quando tomou a
direção errada em uma bifurcação. Ele e mais dois competidores correram sem
rumo por 2km. “Fomos até onde não havia mais caminho e retornamos. O problema é
que a partir daí perdemos a motivação”, disse.
A organização da prova informou que, além do trio, mais duas
pessoas haviam se perdido. O restante dos atletas, com exceção de um homem que
tropeçou em uma pedra no Km 8, terminou o circuito. “Essa é uma prova muito
difícil, na qual as pessoas têm de ficar atentas. Colocamos marcações a cada 200
metros, mas saber se localizar faz parte do desafio desse tipo de prova”,
argumentou Lico. “Essa foi uma das provas mais pesadas da qual participei. É o
tipo de corrida que ganha quem está preparado e atento às marcações”, disse o atleta
José Pereira Julio Neto, 39, o terceiro colocado do circuito. Portilio, por ter
se perdido, ficou em 51° lugar.
O servidor público Lúcio Flávio Borges, 27, terminou a prova
na segunda colocação com tempo de 1h04min25s. Ele explica que a prova é difícil
principalmente por ter o que ele chamou de “descidas técnicas” — trechos do
circuito que exigiam cuidado ao pisar por estarem desnivelados e que, por isso,
ofereciam risco de lesão. Segundo ele, havia ainda a alternância de pisos de
areia, cascalho, pistas amplas e trilhas apertadas. “O tempo também não ajudou
muito, estava quente e seco. A sinalização estava boa, mas ainda assim me perdi
um pouco. Esse tipo de prova é isso, são muitos fatores de dificuldade. Por
isso, é tão desafiador”, observou.
Via: Correio Braziliense
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