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O dia em que São Sebastião parou

Uma multidão se reuniu no local para ver o resultado do acidente: quatro mortes
e a necessidade de reconstrução da rede elétrica de cinco quadras
Henrique Rosycki, 30 anos, saiu de casa por um motivo que vai atrapalhar mais de 6 mil casas nos próximos dias: a falta de energia provocada pelo acidente que matou quatro pessoas, feriu quatro e atingiu a rede elétrica de São Sebastião, na manhã de ontem. “Quando a luz acabou, quis saber o que tinha acontecido. A vizinhança inteira estava sabendo, comentando, explica o técnico de informática. Henrique não foi o único a ir para a rua e ver as consequências da sequência de batidas. Uma multidão de curiosos apareceu no local e aumentava conforme as notícias sobre o ocorrido eram veiculadas.


Com a falta de luz, população saiu de casa para ver o que tinha acontecido: relatos de barulhos
Do momento das colisões, às 10h30, até a retirada e identificação dos últimos corpos das ferragens, a principal avenida de São Sebastião se transformou em local de aglomeração e central de notícias sobre o caso. Todos observavam paralisados a movimentação — com direito à presença de ambulantes vendendo refrigerantes, água, picolés e dindins.


Segundo a CEB, 14 postes foram derrubados na sequência de colisões provocadas pelo caminhão
A Companhia Energética de Brasília (CEB) informou que será necessário reconstruir a rede elétrica de pelo menos cinco quadras: 204, 205, 206 , 305 e 306. Segundo o órgão, 6.183 casas ficaram sem energia devido ao acidente. Até o momento do fechamento desta edição, não havia uma previsão sobre quando o serviço de fornecimento voltará ao normal. O Grupo Horizonte, proprietário da carreta, afirmou em nota que está prestando toda a assistência necessária aos envolvidos e às respectivas famílias. Segundo o grupo, a frota de caminhões é nova, a manutenção dos veículos é feita regularmente e só a perícia — que sairá em 30 dias, segundo a polícia — poderá mostrar o que ocorreu com o caminhão.

Alta velocidade
Eloízio Nascimento, 35, também estava em casa quando ouviu o barulho das colisões. “Parecia um foguete: foram vários estrondos muito altos. Fiquei assustado”, conta o pedreiro. Morador da região, Eloízio afirma que não é raro ver acidentes no local e que acha que a principal causa dos problemas é a alta velocidade com a qual os veículos cruzam a pista. “Eles só freiam quando se aproximam dos pardais e quebra-molas, o que não é suficiente para evitar as tragédias.”

No posto de gasolina próximo ao local, cujas câmeras de segurança flagraram o caminhão no momento da batida com o ônibus, os frentistas andavam de um lado para o outro, comentando os acontecimentos. O gerente do estabelecimento, Luiz Henrique Castro, 40, afirma que viu todo a tragédia de sua sala e que já está acostumado com esse tipo de situação. “Esse deve ser o quinto acidente grave que eu vejo nos últimos anos. Colisões pequenas acontecem o tempo todo, já perdi a conta”, acrescenta Luiz Henrique.

Os efeitos do acidente podiam ser observados desde a primeira curva da via: marcas de pneu, árvores derrubadas e pequenas peças que se soltaram do caminhão na primeira colisão, completavam a cena do acidente, que envolveu quatro veículos e danificou indiretamente um quinto. Até o início da noite, a rua ainda não havia sido liberada, enquanto os destroços dos veículos e os postes e fios de energia danificados eram removidos, os motoristas que tentavam entrar em São Sebastião precisavam fazer desvios pelas vias laterais.


Números

O episódio de ontem ilustra uma preocupante tendência verificada em fevereiro deste ano. A quantidade de vítimas mortas em acidentes de trânsito aumentou 22,2%, em relação ao mesmo mês de 2013. Em 2014, 33 pessoas perderam a vida em vias do DF, seis a mais que as 27 de 2013. A quantidade de acidentes fatais cresceu 21,7%. No mês passado, foram 28 incidentes trágicos, contra 23 no referido período de 2013. O acumulado do primeiro bimestre indica um aumento de 7,4% de acidentes fatais e de 10,16% de óbitos.

Memória

17 de outubro de 2013
O veículo da empresa Brasil Premoldados perdeu os freios antes da barreira eletrônica no acesso da cidade, na Avenida São Sebastião. Arrastou uma Hilux Toyota e um Vectra, e colidiu com um Logan, já no segundo balão da avenida. Uma mulher que atravessava na faixa de pedestres foi atingida pela Hilux e morreu horas depois, no Hospital de Base. 

24 de setembro de 2013
Um caminhão do SLU capotou na Avenida São Sebastião e matou dois garis. O motorista do veículo perdeu o controle de freios na descida, cruzou a pista e só parou quando bateu no muro de uma marmoraria. A pista molhada e a alta velocidade teriam contribuído para o acidente. O laudo com as causas deve sair na semana que vem.

10 de agosto de 2013
Um homem foi atropelado na avenida próxima ao Jardins Mangueiral. Uma EcoSport colidiu com um caminhão e, em seguida, atingiu José Augusto Pereira da Silva, 19 anos, que morreu na hora.

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