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Especialistas defendem humanização do parto para reduzir cesáreas desnecessárias



Parlamentares e especialistas defenderam nesta quarta-feira (20) o apoio ao pré-natal e a adoção de protocolo de humanização do parto como formas de combater a violência sofrida pela mulher no momento da gestação e no pós-parto. O debate, promovido pela Comissão Permanente Mista de Combate à Violência contra a Mulher, concentrou-se na necessidade de diminuir o número de cesarianas desnecessárias realizadas no País.
De acordo com pesquisa do Ministério da Saúde, em 2016, 56,5% das brasileiras foram submetidas a cesarianas e 44,49% fizeram a escolha pelo parto natural. Os dados mostram que o principal motivo para a escolha do parto normal é a expectativa de melhor recuperação no pós-parto; enquanto o medo da dor e a tensão às vésperas do parto foram os fatores que mais motivaram as gestantes a escolher a cesárea.
“Trata-se de uma cirurgia que salva vidas quando é indicada, mas, quando há o crescimento de cesáreas desnecessárias, observamos que seus riscos são omitidos”, observou a representante do ministério na audiência, Thais Fonseca de Oliveira.
Entre os riscos da cesariana, ela citou a hemorragia uterina, a depressão pós-parto e a inflamação do endométrio. Já o parto natural, segundo Thais, é a opção mais benéfica para a saúde da mulher por liberar substâncias que fortalecem o organismo do bebê, diminuindo o risco de internação em UTI, além de aumentar a autoestima da mãe e reduzir a necessidade de cesariana em uma futura gestação.
As deputadas Carmen Zanotto (PPS-SC) e Luizianne Lins (PT-CE) reforçaram a importância do pré-natal para diminuir o número de procedimentos desnecessários.
“Não é raro familiares pedirem ajuda para fazer uma cesariana, porque não querem esperar o parto normal ou por causa do medo das contrações uterinas durante o trabalho de parto. A gente não preparou a mulher para aquelas contrações, e ainda há o temor de não se usar anestesia”, disse Zanotto.
Humanização 
Em levantamento feito em 2010 pela Fundação Perseu Abramo, 25% das mulheres admitiram ter sofrido algum tipo de violência no parto, como o toque doloroso ou a recusa de aplicação da anestesia por profissionais de saúde. Conforme a pesquisa, 74% desses casos ocorreram na rede pública e 17% na rede privada (8% das entrevistadas admitiram ter sofrido violência em ambas as redes).

Na visão da presidente da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento (Rehuna), Daphne Rattner, o problema não está no Sistema Único de Saúde (SUS), e sim na cultura de hostilidade aos direitos das mulheres que perpassa todo o atendimento médico.
“É uma cultura que legitima o feminicídio e o estupro como formas de punir a mulher que não se veste ou se comporta da forma esperada. Essa mesma cultura está fora e dentro dos hospitais”, frisou.
Nessa mesma linha, Hellen Cristhyan, fundadora da Casa Frida, instituição que auxilia mulheres em São Sebastião (DF), sugeriu a adoção de um protocolo para humanização do parto como forma de dar mais qualidade ao atendimento às gestantes e, sobretudo, de combater o racismo.
“No Distrito Federal, ainda é negado o suporte de doulas, bem como da equipe médica, com a justificativa de que a mulher é forte o suficiente para estar na cena do parto”, alertou.

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