Artista de São Sebastião se destaca com mosaicos
O pedreiro Willam Pereira, de 32 anos,
encontrou em restos de material de construção o meio para produzir arte, na
forma de mosaicos. Fã de Athos Bulcão, ele passa até dois dias trancado em seu
ateliê trabalhando e diz já ter recebido convites para expor na Inglaterra.
Pereira não tem curso na área e conta que aprendeu a fazer mosaicos "por
acaso", enquanto trabalhava com cerâmicas em uma obra, há seis anos.
“Estava fazendo
assentamento de cerâmica quando uma peça caiu e se partiu em mil pedaços”, diz.
“Fiquei observando na hora e me veio a ideia. Pensei: ‘Que bacana, vou tentar’,
e fui fazendo. Abandonei tudo que estava fazendo e caí de cabeça nesse trabalho.
Vinha na mente imagens, desenhos, e fui testando assim. Meu primeiro desenho
foi uma coruja.”
Pereira, que é pedreiro
desde os 13 anos e não concluiu o ensino médio, diz que aprendeu tudo o que
sabe experimentando e por meio da internet. “Fui pesquisar mais sobre essa arte
e descobri que tinha nome: mosaico. É uma das artes mais conceituadas do
mundo.”
Para buscar cores
diferentes e incomuns para compor as imagens, Pereira diz que vai a um lixão
perto dos Jardins Mangueiral. “Quando faltam pedaços coloridos para fazer uma
imagem, busco lá o vermelho, amarelo, que é mais difícil de achar”, diz. “Se
vou no lixo e vejo algo que pode ser reaproveitado, vou lá e faço. Tudo é um
quebra-cabeça. Não tem limite de tamanho, faço mesa, quadro, até mural para
parede.”
Para poder trabalhar, o
pedreiro aluga uma quitinete por R$ 400 mensais que usa como ateliê. Ele conta
que passa dias imerso no trabalho, ouvindo música e se dedicando a projetos.
“Tem vezes que viro a noite e vou trabalhar igual um zumbi, sem dormir, porque
isso exige muita paciência, técnica e concentração para sair perfeito”, diz.
“Às vezes, saio do trabalho e venho direto para cá. Fico até 2h, 3h da manhã
fazendo.”
“Já fiquei dois dias
trancado no quarto. Estava parado, desempregado, as contas chegando, quando,
graças a Deus, saiu uma encomenda: uma mesa enorme para a Escola de Música de
Brasília. Recebi R$ 1,2 mil", conta. Apesar disso, a maior parte das obras
que ele faz é vendida por valores bem abaixo do preço de mercado.
Pereira conta que fez
amizades com artistas de todo o mundo pela internet e que não conseguiu expor
seu trabalho na Inglaterra porque não tinha recursos. “Não tive como ir, não
tinha como. Não tinha dinheiro e nem passaporte”, diz. “Mas é bacana saber que
seu trabalho é reconhecido por pessoas do primeiro mundo, que valorizam a
arte”.
Sonho
Além de sonhar viver da arte, o pedreiro diz que deseja fazer grandes obras em lugares públicos, como estações de metrô, a exemplo do que viu em fotos tiradas em países europeus. “Quantos mosaicos eu não poderia fazer, de personalidades, imagens de presidentes, pessoas ilustres, que fizeram história na política? Poderia usar esse talento levando arte para os lugares”, diz. “Não tem nenhum custo, gastei R$ 2 com cimento para fazer uma peça, o resto acho no lixo.”
Além de sonhar viver da arte, o pedreiro diz que deseja fazer grandes obras em lugares públicos, como estações de metrô, a exemplo do que viu em fotos tiradas em países europeus. “Quantos mosaicos eu não poderia fazer, de personalidades, imagens de presidentes, pessoas ilustres, que fizeram história na política? Poderia usar esse talento levando arte para os lugares”, diz. “Não tem nenhum custo, gastei R$ 2 com cimento para fazer uma peça, o resto acho no lixo.”
Para conseguir
reconhecimento do governo local como artista, no entanto, Pereira precisou
insistir muito com a Secretaria de Cultura. “Demorou três meses, insisti muito,
cheguei a chorar. Fui todos os dias até eles enjoarem da minha cara e me darem
o documento”, diz. “É muito sacrifício para o artista provar que faz arte. Com
o documento você tem mais oportunidades, pode participar de exposições, fazer
murais.”
“Quero muito mostrar o
meu trabalho. Entro na internet e vejo pessoas do Brasil mesmo, ou até fora do
país, com trabalhos bem simples, de iniciantes, ganhando prêmios. Eles são
reconhecidos, mas eu fico para trás”, diz. “Quero justiça para os artistas
brasileiros. O artista é muito excluído no Brasil.”
Desestimulado com a
falta de oportunidades, ele diz que já pensou em abrir mão do talento. “Já
tentei desistir, disse que não ia trabalhar mais com isso. Existe também muito
preconceito por conta do meu estilo, do meu jeito de ser, por não participar de
exposições com pessoas que tem diplomas na Grécia, em Roma”, diz. “Mas é uma
arte milenar, uma das artes mais ricas do mundo. Guardar esse dom e não
utilizar, é desperdício.”
Apesar de sonhar com o
reconhecimento, Pereira diz que gosta muito do trabalho, e que tem outros dois
talentos: também trabalha como pintor e serralheiro. “Muitos na obra dizem:
‘Você é um artista, sai daqui’. Mas eu gosto de trabalhar, gosto do trabalho
manual, de estar me movimentando. Quanto mais difícil, mais gosto.”
O pedreiro diz que,
para conceder a entrevista ao G1, foi dispensado pelo chefe durante o dia
na obra em que trabalha. “Ele me incentivou, disse que o mundo precisa ver o
que faço”, diz.
Fonte: G1/DF
Lindo trabalho... Belissima reportagem só faltou divulgar onde encomendar ou comprar as obras desse artista.
ResponderExcluircampeao, veja que faltaram creditar os direitos de imagens da foto do mosaico do simbolo do vasco. Ele nao foi feito pelo Willam Pereira, e sim por ALEXANDRO DE CASTRO SOUSA (A.C.S).
ResponderExcluirNao tem problema em usar nosso trabalho, mas por favor, nos dem ao menos os créditos pelo trabalho.
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