Tanques feitos em mutirão ajudam assentamento 1º de julho a enfrentar crise hídrica
Tanques em ferrocimento têm baixo custo de produção e ajudam no enfrentamento da crise hídrica. Foto: Tony Winston/Agência Brasília |
Uma medida eficaz de enfrentamento da crise hídrica, adotada pelo Assentamento 1º de Julho, em São Sebastião, é a construção de tanques de ferrocimento. As estruturas — feitas com solo, cal e cimento — servem para armazenar água para irrigação e têm baixo custo.
Para introduzir os reservatórios nas propriedades da região, a comunidade se organizou em um consórcio com dez integrantes. As estruturas são montadas em mutirões promovidos no último fim de semana de cada mês.
Pelas regras do grupo, cada participante contribui com R$ 150 mensais. “É uma solução mais acessível em relação a outros reservatórios, e não precisa de licenciamento ambiental”, compara o extensionista José Gonçalves do Nascimento, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF).
Um tanque nos moldes do feito pelo consórcio tem capacidade para armazenar 2 mil litros. Ele tem a base em cimento e as paredes em telas revestidas por uma mistura de argamassa e solo. O custo estimado é de R$ 1,5 mil. O gasto com mão de obra não é considerado, já que os próprios produtores executam o trabalho.
Com a estrutura, os agricultores têm condição de instalar o sistema de gotejamento e, dessa forma, aproveitar melhor o recurso hídrico. “Eu costumava puxar água para a horta direto do córrego. Tinha que bombear de uma distância de 370 metros”, conta Carlos Antônio Braga Lima, de 38 anos.
Lima é o mais recente contemplado pelo consórcio. Com a nova estrutura, ele pretende diversificar a atividade na propriedade de 4,5 hectares. “Produzimos mandioca e, agora, penso em montar um sistema de agrofloresta, colocar umas frutíferas”, planeja.
A construção do tanque permitiu a Daniel Aparecido Menezes, de 54 anos, incrementar a oferta de alimentos para a família. Agora, ele cria tilápias para consumo próprio. “É coisa pouca, só para nós mesmo. Mas não precisamos mais comprar peixe nem verdura”, ressalta.
Antes de Menezes e a esposa, Maria Aparecida Martins Ribeiro Menezes, de 50 anos, construírem o tanque, a irrigação da área plantada era manual. “Regava a horta com regador. Gastava muita água e parecia que não molhava a planta”, lembra.
Com o passar do tempo, Menezes conseguiu montar a irrigação por aspersão. Agora, tem o sistema de gotejamento. Com a mudança, viu a lavoura melhorar a produtividade. “Não compramos mais verdura, e o que sobra, nós vendemos”, afirma.
O aproveitamento racional dos recursos permitiu, inclusive, que ele investisse no cultivo de milho de sequeiro. “Mesmo com as dificuldades de oferta de água, estou com a lavoura quase no ponto de colher”, avalia.
Parceria permitiu a construção dos tanques
A ideia de criar um consórcio para construção dos reservatórios de ferrocimento surgiu depois que o escritório da Emater-DF ofereceu curso sobre a tecnologia.
Até agora, quatro integrantes já foram contemplados. “Criamos um contrato com regras bem definidas e fazemos sorteios todos os meses”, detalha Nascimento.
O recolhimento mensal da cota é feito pelos técnicos da empresa pública. Os mutirões ocorrem no último fim de semana de cada mês. Eles duram três dias, tempo necessário para cumprir as etapas da construção.
Ao final de cada mutirão, é feito o sorteio do próximo contemplado. “É uma forma de envolver os produtores nas atividades e reforçar o sentimento de comunidade”, explica o técnico da Emater.
O Assentamento 1º de Julho foi estabelecido há dois anos. As 60 propriedades têm 4 hectares de área cada uma, e a produção é voltada para a subsistência.
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