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Moradores de São Sebastião ainda não têm escrituras

São Sebastião é região administrativa há 16 anos, mas a cidade é como uma pessoa que não tem carteira de identidade nem CPF. Ninguém tem escritura. Um problemão, principalmente para os comerciantes.

A costureira Maria do Socorro de Oliveira divide o tempo entre as linhas e agulhas com a vassoura. Com tanta poeira acumulada, volta e meia ela precisa parar o trabalho para varrer. Há oito anos, ela aceitou a proposta do governo e abriu uma loja no Pró-DF de São Sebastião. Por enquanto, só teve dor de cabeça. “Já houve caso de me encomendarem toalha e saírem direto para a lavanderia. Eu morri de vergonha”, conta a costureira. 

A falta de asfalto na região do Pró-DF não é o principal problema para os 790 comerciantes da cidade. O que eles mais esperam é pela escritura dos imóveis. 

Os R$ 300 mil investidos para abrir o mercado novo ainda não deram retorno para o comerciante Marciano Martins. Sem a bendita escritura, ele nem pode pensar em empréstimos ou financiamentos para tentar atrair mais clientes. “Eu já pensei em desistir, em ir embora. Está difícil. Montamos aqui, depois eles prometeram, prometeram e não fizeram nada.” 

Para o presidente da Associação Comercial de São Sebastião, Júnior Carvalho, que mora na cidade há 20 anos, a falta de escrituras impede a região de crescer. “Tem muito empresário que quer ampliar o negócio, gerar emprego e fica impossibilitado. Quando ele vai atrás de uma linha de crédito, é impedido pela falta garantia real, que é a escritura do imóvel”, detalha. 

Não é só isso. Ninguém tem registro de imóveis em cartório. De acordo com o administrador de São Sebastião, Alan Valim, a regularização ainda vai demorar pelo menos um ano. “É o prazo mínimo que a empresa nos deu para poder fazer os estudos da cidade. A partir daí, tenho certeza que a comunidade vai estar mais satisfeita tendo a escritura dos lotes.” 

O administrador explicou ainda que a regularização depende do estudo urbanístico que começa a ser feito mês que vem. Só depois se pode pensar no registro de imóveis. 

Sabe aquela história de que alguma coisa só existe no papel? Em São Sebastião é o contrário: uma cidade que não existe no papel. Só existe na prática.

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