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Projeto orienta famílias do DF sobre violência doméstica

Moradora de São Sebastião deixou de ser agredida pelo marido após atendimento


As "Promotoras da Paz" batem de porta em porta em casas de regiões carentes do Distrito Federal para promover ações de combate à violência, além de fazer acompanhamento familiar. Ao todo, são 348 mulheres que participam do programa assistencial criado pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest) e desenvolvido pelos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS).
 
Em São Sebastião, uma das 18 unidades do programa, 32 promotoras da paz levam cidadania a regiões com alto índice de violência. Segundo a coordenadora de Assistência Social do CRAS de São Sebastião, Luciana Leão, as integrantes informam aos moradores sobre direitos e projetos que podem beneficiá-los, e os orientam sobre problemas encontrados no círculo familiar.
 
Ainda de acordo com a coordenadora, na primeira vez em que as promotoras visitam uma casa, os moradores ficam receosos, mas depois adquirem confiança e expõem os problemas.
 
A dona de casa e também promotora da paz Cecília Silva, 40 anos, expressa orgulho dos resultados positivos que já alcançou. Um deles foi o de trazer um capoeirista para uma "boca de fumo" que havia na quadra 204 de São Sebastião, a fim de tirar crianças e jovens das drogas e da violência. A novidade gerou expectativa. "Os meninos ficavam esperando o capoeirista sentados" para a aula, destaca Cecília.
 
A integrante expôs ainda outro caso em que a vizinha era agredida pelo marido. Ela visitou a família e conversou com a vítima, que denunciou o marido na delegacia. Segundo Cecília, após a entrada do "Promotoras da Paz" na vida da vizinha, "ele [marido] não bate mais nela".
 
A ajuda às famílias não se restringe à violência doméstica. No último dia 10, por exemplo, estava agendada uma visita das promotoras, quando quatro famílias foram surpreendidas por uma enxurrada na quadra 307 do Residencial Oeste, em São Sebastião. Desalojadas, as famílias foram amparadas com a ajuda das agentes, que percorreram a comunidade em busca de doações.
 
De acordo com a coordenadora do CRAS, os requisitos principais para ser promotora das ações do projeto é ter "interesse" e "participação" na região. Luciana Leão informou que as 32 participantes, como as demais do DF, passaram por um processo de seleção e capacitação realizado pelo CRAS.
 
A maioria das integrantes do programa possui renda de um a dois salários mínimos, é conhecida pelos moradores e dispõe de 12 horas semanais para os trabalhos. "Algumas trabalham fora e dedicam algum tempo do dia delas, ou do final de semana para a comunidade", revela a coordenadora. Além disso, cada promotora da paz recebe por mês uma bolsa de R$ 190.
 
A atendente do programa Pão e Leite do Governo do Distrito Federal (GDF), Leila Aparecida, 30 anos, e uma das participantes do projeto assistencial, considera que o benefício prestado aos moradores é mais significante do que o valor da bolsa oferecida pelo GDF. "É uma ajuda no final do mês. Mas eu gosto mesmo do trabalho social", disse a promotora da paz. "Para mim é mais importante trabalhar com as pessoas", acrescentou.
 
A Assistente Social da Sedest, Giuliana Giongo, acredita que o mais importante no programa é a qualidade de vida que ele proporciona às participantes. "O benefício maior que [o programa "Promotoras da Paz"] traz para as mulheres é a questão da autoestima, da valorização do papel da mulher dentro da família, dentro da sociedade", considera a assistente social.

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